Dra. Cida Leite: uma ode à garra na passarela da vida

De: “VALDENITO DE SOUZA” – vpsouza@terra.com.br. Data: domingo, 15 de março de 2009 14:54

Salve Cida! …

Esta é a Cida q conheço… esta é a Cida q adimiro… esta é a Cida q mereço… esta é a Cida q adoro… Sua carta sincera, natural, espotânea, verdadeira vai para nosso site… Beijos orgulhosos e emocionados

Valdenito de Souza, o nacionalista místico

De: “cida leite” – cidaleite@oi.com.br. Data: 15 de Março de 2009 14:3:

Meus queridos amigos e amigas, que compartilham comigo esse momento verdadeiramente especial para mim. Não vou negar que o fim do curso de Direito foi marcado por obstáculos, que pensei não conseguir transpor, a partir da minha doença, quando estava cursando o 9º período, portanto, na reta final. Tive que trancar a matrícula por 1 ano e quando voltei, devido às sequelas da lesão, fui obrigada a reduzir o ritmo.

Confesso a vocês que a cada vez que saía de casa para assistir a uma aula era um sacrifício, o que às vezes, me desanimava, mas não foi o bastante para que desistisse. Sabem por que não desisti? Porque meus amigos, dentre os quais, vocês, não permitiram. As palavras de motivação, as visitas oportunas, os abraços ternos, os gestos de amor me alimentavam, serviam como medicamento para que eu insistisse mais um pouco…

Recebi muito incentivo também de funcionários e professores da Estácio. Alguns não se continham e choravam ao me verem utilizando uma cadeira de rodas, mas, não deixavam de oferecer apoio. Entretanto, passei por uma situação bastante difícil com um professor de Direito do Processo do Trabalho, que ignorava solenemente as minhas participações em sala de aula. Decidi provar para ele que se estava no 10º período isso se devia a algum esforço reconhecido pelos demais professores. Apesar de não gostar da matéria, estudei coe na 1ª avaliação, obtive o grau 8,5. A partir de então, ele passou a prestar atenção às minhas intervenções em aula. Eu ainda não estava satisfeita, por isso, estudei mais ainda e na avaliação final, alcancei a nota 10. Poderia ter enviado um portador para buscar a minha prova, não obstante, fiz questão de ir até lá para estar diretamente com ele. Finalmente, ele teve que admitir que eu não estava ali para nada e me disse: — Parabéns, Aparecida. Seu 10 foi alcançado com louvor! Aí, sim, fiquei satisfeita. E ele não deve ter entendido nada, pois, exatamente neste dia, cheguei até a sala andando, com dificuldade, mas, fora da cadeira de rodas. Assim também aconteceu na cerimônia de colação de grau, agora, no último dia 12 de março, me emocionei quando consegui subir, com dificuldade, mas consegui, os inúmeros degraus que me levaram até o palco do Scala-Rio para receber o diploma simbólico. Mais uma vez, chorei de alegria, porque se não tivesse caminhando, ainda que vagarosamente, teria que ser carregada no colo para participar da solenidade, tendo em vista não haver rampas de acesso. Penso que a minha primeira briga, agora, na condição de bacharel em Direito, será por provar a impossibilidade de se realizar um evento no Scala-Rio, se o elevador não puder ser utilizado por quem tenha necessidade de acessar os andares superiores.

Bem, já falei demais, mas, vim aqui para agradecer às manifestações de carinho e amizade demonstradas por todos vocês.

Na passarela da vida, continuarei caminhando com perseverança e determinação, porque tenho vocês ao meu lado. Juntos estamos para sonhar, guerrear e conquistar vitórias, apesar das adversidades que nos são apresentadas por situações trágicas, mas não decisivas.

Ademais, gostaria de agradecer, especialmente, a duas pessoas que me ajudaram imensamente na elaboração do meu trabalho de conclusão de curso: Marisa, obrigada pelo extenso material que serviu como fonte de consulta para o meu trabalho. Vanessa, obrigada pela formatação perfeita, segundo elogio da minha professora-orientadora. Vocês foram fundamentais no momento final do meu curso.

Por fim, obrigada a todos vocês, que, de uma forma ou de outra, sempre estiveram comigo. É necessário que eu supere a minha dor, para que essa dor não seja sentida pelo meu amigo. Com gratidão.

Cida Leite