Descolamento de retina: tratamento exige urgência

A prevenção e a busca de tratamento imediato são as formas mais indicadas para evitar que um descolamento de retina agrave a funcionalidade da visão evoluindo até a cegueira em muitos casos.

Apesar de todos os avanços, em pesquisa, focados nas alternativas de reverter a visão perdida em conseqüência do descolamento de retina, o que há de novo e acessível, por enquanto, são os equipamentos para a execução da cirurgia que reposiciona a retina no seu lugar.
Mas esse procedimento não garante a recuperação funcional, segundo o oftalmologista Edenilson dos Santos Carvalho, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB).
Ele alinha ganhos como os obtidos, a partir dos anos 80, para os casos de vitrectomia, cujos aparelhos atualmente são muito eficientes e as incisões menores, o que significa que não é mais necessário dar pontos, além de reduzir as possibilidades de uma infecção.
Outro avanço, segundo o médico, está nos substitutos do vítreo. Atualmente, são produzidos à base de óleo de silicone e associados ao desenvolvimento da iluminação utilizada nas cirurgias com as novas sistemáticas de aplicação do laser.
Essa novidade levou a uma melhora considerável dos resultados das cirurgias de retina por descolamento.
O médico salienta que esse avanço do sistema como um todo, permite a casos anteriormente inoperáveis a viabilização do procedimento e também aumentou a chance de muitos pacientes tratarem descolamento de retina.
Ganho – Mas o grande ganho que o paciente obtém ainda está na prevenção e na imediata busca de tratamento diante de uma possibilidade de descolamento de retina, destaca.
É possível reverter completamente a anatomia da retina, isto é, o organismo pode responder bem e a retina ficar totalmente colada e no lugar correto.
No entanto, isto não significa recuperação funcional da visão, reitera Edenilson.
É possível ao especialista hoje colocar a retina de volta e analisar a sua viabilidade para isto.
Mas há outro contexto, requisitos e condições que interferem na recuperação funcional.
Quando o tratamento é feito precocemente, é possível recuperar. E o tempo que a retina fica descolada até o tratamento, segundo o médico, é um dos fatores considerados.
Outro impedidor, em muitos casos, é a diabetes. Presença desta doença pode inviabilizar a recuperação funcional também.
Além disso, os míopes estão mais propensos ao descolamento de retina e devem fazer o mapeamento pelo menos uma vez por ano,principalmente os portadores de alta miopia, alerta.

Sinais – O primeiro sinal de que houve possível descolamento de retina é a sensação de ter visualizado um flash, um relâmpago, uma espécie de faísca.
De acordo com o oftalmologista, a retina não dá sinais quando rasga, não dói, mas como está inteiramente ligada à percepção de luz, pois é por onde a imagem é conduzida para se formar no cérebro, pode se manifestar como um flash, sempre no mesmo lugar.
“Mas apesar de ser o sinal mais precoce do problema instalado, isto não acontece com todas as pessoas”, avisa.
Nessa fase, a aplicação de laser imediata pode evitar o descolamento.
Outro aviso de descolamento pode ser a visualização de uma sombra nas imagens como se uma cortina fosse fechando e diminuindo o campo de visão.
As cenas vão ficando pretas e balançam, porque a retina está solta.
Ao perceber este fenômeno, tem que correr para o tratamento, orienta o médico, “porque se houver tempo para alguma intervenção com chance de sucesso, o tempo é este”.

Tratamento – Além do laser para interromper o processo de descolamento, há dois tipos de intervenção para reposição da retina descolada em seu lugar.
A operação externa, chamada de retinopexia. Esta técnica é menos invasiva. O olho é ajustado por uma cinta de silicone que irá posicionar o globo ocular em direção a retina descolada.
Já a vitrectomia implica em tratamento mais complexo. O procedimento é interno, mas também visa colocar a retina descolada em posição original.

Edenilson frisa a realidade dos diferentes casos de descolamento de retina, “quanto mais grave, mais procedimentos são necessários. Quanto menos grave e mais rápido o tratamento, menos de sete dias, menos procedimentos e mais chances de manter a funcionalidade da visão”.
O descolamento da retina pode ser comparado ao que acontece quando o filme de uma máquina fotográfica é danificado. É ele o responsável por absorver a informação em forma de luz e transformá-la em imagem para o cérebro.
O descolamento impede essa tradução na sua totalidade ou em condições mais severas, as quais levam à cegueira, não exerce essa função de jeito nenhum.
Prematuro – Edenilson alerta que alguns casos podem levar ao descolamento e precisam de atenção constante, desde os primeiros anos de vida, ou a partir do momento em que há qualquer dúvida.
O descolamento de retina mais comum nos primeiros anos de vida se chama retinopatia da prematuridade.
Ocorre com mais freqüência em crianças nascidas com menos de 30 semanas de gestação ou aqueles que nascem com menos de 1,5 quilo. Essas circunstâncias indicam má formação possível do olho também e é indispensável realizar exame de fundo de olho nos primeiros dias de vida.
Também não é raro uma pessoa com descolamento de retina espontâneo em um olho apresentar o problema no outro. Nesses casos, o acompanhamento do olho saudável pelo oftalmologista deve ser de mais de uma vez por ano para realizar um mapeamento.

Chips – Ainda não é realizado no Brasil e nem visto como prática freqüente, no mundo, o implante de chips de retina para reverter a funcionalidade de visão.
Edenilson explica que o chip de retina não tem sido usado para tratar descolamento, mas para pacientes com degeneração macular ou com patologias em que o nervo óptico está preservado.
Os implantes desse estudo são feitos dentro do olho e a previsão é de que até o final de 2008, os primeiros casos de implante com 256 canais sejam realizados.
Atualmente, os chips têm oito canais e possibilitam a visualização de vultos.

* Fonte: HOB( Hospital Oftalmológico de Brasília)
Site:http://www.hobr.com.br
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